Apenas mais um Epílogo
A uma determinada altura surgiu um momento em que me senti impelido a dizer adeus. Ia-me embora, creio que para sempre.«Longe da vista, longe do coração» – diziam os tais amigos.
Será que nem a porcaria de um ditado poderia funcionar, como a toda a gente, para mim?
Tentei dizer-lhe que ia sentir a falta dela, mas acho que ela não entendeu.
«Não queria ter que ter saudades tuas..» – disse
«Vais?» – respondeu ela.
«Preferia não..» – confessei
«Sempre nos podemos ver, quando vires toda a gente» – retorquiu.
Bom, não era a resposta que queria ouvir.
Era ela e não todos que eu queria ver. Todas queriam, sem ser ela, que eu as visse várias vezes, todas elas, todo o tempo.
Ela não.
Não quis perceber que ia sentir a sua falta.
Talvez tenha pensado que era a falta de alguma coisa que não a falta que acho que ela faz em mim.
Não quis insistir para não ir longe demais. Porque demais era ir muito longe, possivelmente tarde demais.
Era a tal coisa: não fiz, não quis.
«Já sei» - descobri.
Quis fazer-me de frio outra vez só que desta vez ela calou-se antes de mim.
Não me desprezou com o silêncio, acho. Talvez apenas não tivesse mais nada para dizer.
Eu calei-me com ela. Cúmplice na covardia.
Não disse mais nada de coração apertado.
Mas a verdade é que mesmo assim continuei a sentir as borboletas amarelas no estômago e fazer o meu único sorriso parvo cada vez que...
Não consigo dizê-lo. Só poderia dizer à minha flor mas não posso.
É que depois de quase dizer tudo, fico sempre com a sensação que não devia ter dito qualquer coisa.
Não fiquei desgostoso.
O Sol continua a brilhar.
É Primavera em quase todo o lado e até em mim.
Em mais uma lição da escola da vida, era como se estivesse na faculdade do Amor e tivesse passado para o segundo ano, deixando todas as cadeiras para trás.
«Quero dizer-te coisas bonitas» - pensei em acrescentar. Todavia que foi naquele preciso momento que decidi desistir da flor e dedicar-me ao pólen até que a paixão, possivelmente por ela, me pontapeie outra vez.
PS: Acho que continuo a gostar de ti, mas acho que não o sei fazer contigo.
Complicada, essa coisa de gostar.
1 comment(s):
this seems much personal, tal como o anterior. o toque de inocencia que lhe dás refresca um pouco o blog, e afasta-o da intensidade constante. no entanto, isto nao parece vazio, acho que a estória está muito bem tratada.
keep it up
daniel
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Subterranian \ Ultravioleta, at
sexta-feira, junho 29, 2007
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