Lost to Apathy

segunda-feira, junho 12, 2006

Tu! b) A Teoria do Eu

IV Imortal

Quando me ajoelho a ti tudo permanece mais colorido, na alma, no coração ilustrado por cores luzidias. Sentamo-nos nas nuvens enquanto um Sol acena sereno e imaginamo-nos sedentos de vitórias emocionais com os sorrisos abertos, incitantes à felicidade recentemente encontrada. Imbuídos, iniciamos a demanda em nós mesmos para visualizar a nossa essência e, uma vez achada, embrenhamo-nos nela para descobrir, no âmago das nossas consciências, quem realmente somos. Unidos todos segundos que respirei em ti, exclamo para mim mesmo:
-Vivi
E ainda nesses extraordinários segundos, penso secretamente, num sorriso fechado, nas minhas memórias que fazem.... viver? Sim! Outra vez, viver. Numa repetição sou abençoado com o fausto da tua essência que já nem é tua nem minha, é nossa, é una, porque agora já somos mais do que eu e tu.
Já descobri o nosso caminho... perdemo-nos em nós (sorriso)
Sabes que, enquanto te adoro, o meu tom de voz baixa rumo ao silêncio pois a distância do coração apenas justifica um olhar redentor que explique e mostre, que afirme e justifique tudo aquilo que outrora haveria para dizer. E assim, como um, idolatramo-nos até à demolição dos ínfimos pedaços do nosso eu, porque somos nós os responsáveis por nós mesmos, porque somos nós o nosso próprio caminho, quando “sempre” parece sempre tão pouco tempo.

V Distúrbio de Dissociação de Identidade

A dissociação é um mecanismo de defesa psicológico no qual a identidade, a memória, as ideias, os sentimentos ou as percepções são separados da percepção consciente e não podem ser recuperados ou vividos voluntariamente. Toda a gente dissocia ocasionalmente. Por exemplo, após conduzir até casa, as pessoas frequentemente percebem que não conseguem lembrar-se de muito da viagem porque estavam preocupadas com problemas pessoais ou estavam a prestar atenção a um programa radiofónico. Durante a hipnose, o indivíduo pode dissociar os sentimentos da dor física. No entanto, outras formas de dissociação provocam uma ruptura entre as sensações do indivíduo de si mesmo e as percepções dos factos da vida. Os distúrbios dissociativos incluem a amnésia dissociativa, a fuga dissociativa, o distúrbio dissociativo da identidade, o distúrbio da despersonalização, e um grupo de distúrbios menos bem definidos, que os psiquiatras denominam distúrbio dissociativo sem outros dados específicos. Estes distúrbios dissociativos frequentemente são desencadeados por um stress avassalador, que pode ser causado pela experiência ou pela observação de um evento traumático, um acidente ou um desastre emocional. Ou um indivíduo pode viver um conflito interno tão intolerável que a sua mente é forçada a separar as informações e os sentimentos incompatíveis ou inaceitáveis procedentes do pensamento consciente.

- Perdoa-me o que eu não sei. Perdoa-me porque eu nunca vou saber deixar de te magoar.

VI A Doença Sem Nome

À velocidade da dor perguntas-me onde estou. Quem eu sou era resposta para saberes qualquer fosse o caminho escolhido por mim para chegar até ti. Procuraste-me algures perto de ti, mas longe do teu coração até te aperceberes que estava à procuras de coisa nenhuma. Olhava para ti vezes e vezes sem conta, sempre como se fosses o único fenómeno existente, sempre com o meu olhar delineadamente imperturbável como se não existisse em mim nem um pouco de alma, como se não tivesse sobrado nada em mim. Vi sempre a tua cara bonita.

When you want it
It goes away too fast
Times u hate it
It always seems to last
But just remember when you think you're free
The crack inside you fucking heart is me



Procuraste uma réstia de humanidade em mim, como se não visses a minha anagénese reflectida naquilo que querias de alguma forma te tornar. O meu ímpeto mecânico era o motor da negação do meu sistema nervoso que se degradava em impulsos mecânicos controlados.
E depois seguimos juntos numa viagem longa, em que de repente decidiste que foi tudo tão mau. Unindo as falácias habituais tudo ficou muito mais claro para ti. (riso) Finalmente olhei para ti mais uma vez, a última, e mais uma vez vi a tua cara bonita, mas muito pouca Beleza.

Quando havia tanto para ser dito, o silêncio impera ainda mais.

I can tell you what they say in space
That our earth is too grey
But when the spirit is so digital
The body acts this way
That world was killing me
That world was killing me
Disassociative

The nervous systems down, the nervous systems down

I know

I can never get out of here
I don't want to just float in fear
A dead astronaut in space

segunda-feira, junho 05, 2006

Tu! a) A Tal Carta de Amor

I - O Efeito Borboleta

Nos meus delírios infectados de amor via os teus olhos, sempre contemplativos, a rasgar-me na cara o sorriso solicitado. O deliciado aroma das palavras quentes que assola aquele pequeno pedaço de alma tomava-me o sangue. Tudo começou outrora.

Iluminámo–nos para nos alimentarmos de ambrósia e nos purificarmos em deuses tão depressa que o resto da minha respiração se transformou numa comoção. E quando subimos tão alto, inspirámos as duvidas e certezas, infiltrámo-nos em teias de medo limando a minha e tua significação. Entre as displicências, perdemo-nos em nós e embrenhamo-nos num “nós” agora existente . Sentimos, respiramos e desesperadamente vivemos. Encontramo-nos na nossa Babilónia de paraíso e em furor prometemo-nos luas de desejo, de ardor, de paixão. E em cada segundo em que atingimos o epitome da sensação que nos invade vivemos. Mas quando estamos vivos, morremos, morremo-nos.

II – Quando a Beleza conhece o Amor

Relacionarmo-nos é uma das maiores coisas da vida: é amar, compartilhar. Para amar é preciso transbordar de amor e para compartilhar é preciso ter amor. Quem se relaciona respeita e não possui. Possuir é destruir todas as possibilidades de se relacionar. Relacionar é um processo. Relacionamento é diferente de relacionar-se: é completo, fixo, morto. Antes devemo-nos relacionar connosco próprios e escutar o coração para a vida ir além do intelecto, da lógica, da dialéctica e das discriminações. É bom evitar substantivos e enfatizar os verbos.

Quando há dependência não há maturidade nem amor, há necessidade. Usa-se o outro, o que é desamoroso. Ninguém gosta de ser dependente, porque a dependência mata a liberdade. A maturidade vem com o amor e acaba com a necessidade. Amor é luxo, abundância. É ter tantas canções no coração, que é preciso cantá-las, não importando se há quem ouça. Quando somos autênticos, temos a aura do amor. Quando não, pedimos amor aos outros. Quem se apaixona não tem amor e, assim, não pode dar. Quem é maduro não cai de amor, mas eleva-se nele. Duas pessoas maduras que se amam, ajudam-se a tornarem-se mais livres. Liberdade, é um valor mais elevado que o amor.
Por isso é que o amor não vale a pena se a destruir.

O amor é mais verdadeiro e autêntico do que nós.
Todo caso de amor é um novo nascimento. O ego é como a escuridão, mas quando chega a luz do amor, a escuridão vai-se. As escolhas devem ser pelo real, pior e doloroso e não pelo confortável, conveniente e burguês. O amor tira-nos do ego, do passado e do padrão e por isso parece confusão. Ficar louco de vez em quando é necessidade básica para permanecer são. Quando a loucura é consciente, pode-se voltar. Todos os místicos são loucos. O amor é alquimia porque primeiro tira o ego e depois dá o centro. Amar é difícil, mas receber amor é quase impossível, porque a transformação é maior e o ego desaparece. É o anseio pelo divino que impede que qualquer relacionamento satisfaça. As pessoas mais criativas são as mais insatisfeitas porque sabem que muito mais é possível e não está a acontecer.

Amor 1: é orientado a um objecto.
Amor 2: ele transborda, não é orientado por um objecto. É uma amizade que enriquece a alma.
Amor 3: sujeito e objecto desaparecem: a pessoa é amor.



III - O Afirmativo da Negação

O Perfumado saliente aroma é
O segredo porque me rendo a teus pés
Para me segurar naquele momento
Inspirar minhas veias cá dentro
E elevar-me àquele caminho que delineámos

O Perfeito
O Adorado
O estático e incrível sentimento
Arrasta as emoções violentamente
Num desconcertante e aparente enredo de paixão auto suficiente
Adorámo-nos assim...

Eclipsaste o pensamento
Secaste as lágrimas inerente ao teu desígnio
E em segundos inflamados e eu chamei-te a mim
-Amor...

Em exaltação dionisíaca transportei-me
A racionalidade deixou de me abraçar
Imbuído em ti permaneci.
-Podia ficar assim para sempre.
Ver a ardência cair como uma tempestade.
E ao vê-la ficar a noite toda, eu não mudaria nada, nunca
Ficaria até fecharmos os olhos serenamente;
até os teus sonhos segurarem os meus...

Mas no meio da penumbra
O seu segredo descobre o ardor
E entre os medos completados
Descobre finalmente
Que só amou o amor